Pelé, a primeira e maior estrela do mundo

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Pelé, a primeira estrela do futebol mundial, acaba de morrer aos 82 anos. Para muitos torcedores, o brasileiro será lembrado como o melhor jogador de futebol de todos os tempos e, além do mais, o símbolo máximo do futebol jogado com paixão, entusiasmo e um sorriso. A imagem do futebol que muito contribuiu para forjar é, ainda hoje, um ideal aos olhos da maioria dos amantes desta modalidade.

Pelé não foi apenas um grande jogador e um maravilhoso embaixador do jogo mais praticado do planeta ; ele também era um ícone cultural. Permanece, para o grande público, a personificação de uma forma de pureza do futebol de outrora, visto como tendo sido muito menos parasitado do que o de hoje por questões monetárias e geopolíticas.

A notoriedade planetária da lenda de Pelé tem sido ilustrada pela chuva de homenagens que lhe têm sido prestadas mundo afora, desde Sir Bobby Charlton, vencedor com a Inglaterra da Copa do Mundo em 1966 Atualmente A estrela francesa Kylian Mbappé, passando por inúmeras personalidades não pertencentes ao mundo do desporto, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva – o ex e novo presidente do Brasil – e o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

Uma vida em Santos

Pelé nasceu Edson Arantes do Nascimento no estado de São Paulo, Brasil, em 1940. Seus primeiros anos foram os mesmos de muitos jogadores de futebol que vieram antes dele e de inúmeros outros que vieram depois dele e foram inspirados por ele: nascido na pobreza, foi apresentado ao futebol por um familiar, depois ficou obcecado por um esporte que lhe ensinou a vida e lhe ofereceu um horizonte.

Em 1953, foi contratado pelas categorias de base de um clube local, o Bauru. Mas foi seu primeiro clube profissional, o Santos, que impulsionou Pelé ao estrelato. Chegou em 1956, lá jogará 636 partidas, marcando 618 gols antes de deixá-lo em 1974, quando sua imensa carreira estava chegando ao fim. Pelé terá sido, por 18 anos, o coração pulsante do time, e um grande fiel de seu clube quase único.

Pelé na Copa do Mundo de 1958.
Desfile pictórico/Fotos de arquivo/Imagens Getty

Muito antes das façanhas das estrelas atuais Cristiano Ronaldo ou Erling Haaland, Pelé marcou gols que o diferenciaram de outros jogadores ao seu redor. Da mesma forma, mostrou uma habilidade que, ainda hoje, leva alguns observadores do jogo a colocar o brasileiro à frente de outros candidatos ao título de maior jogador de todos os tempos, como os argentinos. Lionel Messi et Diego Maradona.

Menos de um ano depois de assinar pelo Santos, três meses antes de completar 17 anos, Pelé fez sua estreia na seleção brasileira pelo Brasil, contra a Argentina. Naquele dia, ele marca. 65 anos depois, ele continua sendo o artilheiro mais jovem da história da seleção brasileira.

Um ano depois, em 1958, quando tinha menos de 18 anos, desempenha um papel importante na conquista da Copa do Mundo pelo Brasil Na Suécia. Um troféu que ele vai ganhar novamente em 1962, no Chile, e novamente em 1970 no México. Nenhum outro jogador no mundo ganhou a Copa do Mundo três vezes.

No final, Pelé jogou 92 vezes pelo Brasil, marcando 77 gols – um recorde, novamente, apenas igualado por Neymar… mas em 124 jogos. Acrescente-se que, além de suas façanhas na seleção, Pelé conquistou para seu clube seis títulos de campeão do Brasil e dois títulos de campeão da América do Sul.

os anos do cosmos

Em 1975, aquele que é apelidado de "O Rei" sai de sua semi-aposentadoria para ingressar no New York Cosmos, que joga na Liga Norte-Americana de Futebol. Aos 35 anos, ainda consegue marcar 37 gols em 64 jogos. Alguns observadores acreditam que sua breve passagem pelos Estados Unidos fundamental para o interesse do país pelo futebol.

Desde então, os Estados Unidos sediaram a Copa do Mundo de 1994, co-sediarão a Copa do Mundo de 2026 com o Canadá e o México e se tornaram um dos países do mundo com o maior maior número de pessoas demitidas em um clube de futebol.

Funções oficiais e homenagens

Após sua aposentadoria, Pelé foi reverenciado, adorado e permaneceu influente. ele foi indicado FIFA Jogador do século XNUMX, prêmio que dividiu com Maradona. Em 2014, ele foi premiado com a primeira Bola de Ouro da FIFA, a Prêmio de Honra, E mesmo Nelson Mandela elogiou-o com o prêmio Laureus Lifetime Achievement Award em 2000. Sem esquecer sua passagem como Ministro dos Esportes do Brasil de 1995 a 1998.

O talento de Pelé nunca esteve em dúvida. No entanto, o homem também se beneficiou de jogar em uma época em que o futebol emergia das sombras do conflito global, quando o mundo precisava de símbolos de esperança e heróis esportivos. O brasileiro soube cumprir esse propósito, numa época em que a televisão – primeiro a preto e branco, depois a cores – levava o futebol diretamente para a sala das pessoas. Na época, Pelé, consumível globalmente por esta nova tecnologia, era simultaneamente Messi, Ronaldo e Mbappé.

Inevitavelmente, a longa vida de Pelé não foi isenta de problemas: suas atividades comerciais às vezes eram marcadas por polêmicas; em um ponto foi rotulado como um antagonista de esquerda do governo brasileiro, antes de ser julgado mais tarde como sendo muito conservador em suas opiniões sobre a ditadura brasileira. Teve muitos filhos – alguns de relações extraconjugais – e um de seus filhos, Edinho, foi enviado para a prisão por lavagem de dinheiro do narcotráfico.

Mas a memória mais vívida que restará dele é a de um homem que jogava futebol de uma forma que a maioria de nós – amadores e profissionais – só poderia sonhar. Pelé não só tinha uma habilidade incomparável, como também trouxe grande alegria para inúmeras pessoas ao redor do mundo, por várias décadas. Qualquer um que esteja minimamente interessado neste esporte nunca o esquecerá.

Simon Chadwick, Professor de Esporte e Economia Geopolítica, SKEMA Business School

Este artigo foi republicado a partir de A Conversação sob licença Creative Commons. Leia oartigo original.

 

Crédito da imagem: Shutterstock / Kostas Koutsaftikis

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