
Uma universidade católica nicaragüense dependente da Arquidiocese de Manágua, que forma sacerdotes e religiosos, solicitou sua "dissolução voluntária" e isso foi aprovado pelas autoridades, informou o Diário Oficial na quinta-feira.
Duas outras universidades católicas foram fechadas em março por ordem do governo do presidente Daniel Ortega, que havia invocado o "descumprimento" da legislação.
A Universidade da Imaculada Conceição da Arquidiocese de Manágua (UCICAM) pediu sua "dissolução voluntária" durante uma assembleia extraordinária em 10 de janeiro, segundo o Diário Oficial, que não especifica o motivo dessa decisão.
A UCICAM oferecia, notadamente, formação em filosofia e teologia.
Em março, as autoridades nicaraguenses ordenaram o fechamento da Universidade João Paulo II e da Universidade Autônoma Cristã da Nicarágua (UCAN) e a nacionalização de seus bens, alegando “descumprimento de suas obrigações legais”.
Foi também em março que o Vaticano fechou sua nunciatura (embaixada) quando as relações com Manágua atingiram um ponto de ruptura depois que o Papa Francisco chamou o governo de Ortega de "ditadura grosseira".
Nos últimos dois anos, mais de 2.000 ONGs ou associações foram dissolvidas pelas autoridades nicaraguenses alegando violações da lei, incluindo várias universidades e organizações empresariais.
O governo de Ortega acusa a Igreja Católica de ter apoiado os manifestantes que exigiam em 2018 sua renúncia, bem como a de sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo.
Essas tensões foram marcadas pela expulsão, em março de 2022, do Núncio Apostólico (embaixador vaticano) Mons.
Os protestos da primavera de 2018 foram uma tentativa de golpe instigada por Washington, segundo o governo, e sua repressão deixou mais de 300 mortos, segundo a ONU.
Desde então, o presidente Ortega, ex-guerrilheiro no poder desde 2007, foi reeleito em novembro de 2021 em uma votação polêmica da qual todos os seus potenciais adversários de peso estiveram ausentes, tendo estes sido colocados em estado de prisão ou forçados ao exílio.
O Conselho Editorial (com AFP)