
Nossa corrida frenética por ativismo e posses denota um vazio interior que buscamos preencher? Decifrar à luz do ensino e da vida de Jesus.
Os minimalistas afirmam que muitas vezes procuramos preencher um vazio interior com posses. No entanto, este nunca está satisfeito, não importa quantas coisas tenhamos. Sempre queremos mais, mas na realidade o que buscamos fundamentalmente é espiritual. Resumindo, o próprio Deus.
Jesus, por meio de seu ensino e exemplo, nos forneceu as ferramentas para atender a nossa necessidade profunda. Seu principal objetivo na vida o fez colocar todos os outros projetos em segundo plano. Ele proclamou que tinha vindo para fazer a vontade de seu Pai - pregar as boas novas de salvação e fazer boas obras.
Um tesouro na terra?
Cristo não pregou um evangelho da prosperidade. Sem sentir desprezo pelos ricos, ele se identificou com os pobres. Além disso, muito do que é chamado de “o Sermão da Montanha” fala sobre eles (Mt 5-7). Jesus oferece alguns bons motivos para não acumular riquezas. Em primeiro lugar, nenhum lugar na terra pode guardar um tesouro indefinidamente. Roubo, ferrugem, desgaste, inflação, são apenas alguns dos perigos que o ameaçam. O céu, por outro lado, oferece segurança para investimentos de longo prazo.
Então Jesus nos avisa que nosso tesouro tomará posse de nossa vida. Todas as coisas em que confiamos, em que nos apegamos, acabam aderindo a nós. Eles se tornam incômodos e nos impedem de viver na liberdade e no poder que desejamos. E, finalmente, assim como Deus provê as necessidades de plantas e animais, Ele proverá nossas necessidades. Essa garantia tira qualquer ansiedade para o dia seguinte. Podemos trabalhar e receber nosso salário como um presente de Deus. Somos libertados do fardo de acumular bens por meio de nosso trabalho.
Bom conselho de vida
João Batista, primo de Jesus, foi certamente um dos homens mais simples que já existiram. Desprovido de todo conforto, ele vivia no deserto e comia o que encontrava na natureza. Ele teve experiência prática de renúncia no serviço a Deus. Sua mensagem era confusamente simples:
“Quem tem duas roupas divida com quem não tem, e o mesmo com a comida. "
Aos que vieram perguntar-lhe como viveriam, aconselhou não cometer extorsão ou fraude e ficar satisfeito com o seu salário. Uma filosofia de vida, sem artifícios, para o bem-estar de todos.
Nossa sociedade de consumo nos incentiva a coletar cada vez mais. Podem ser bens materiais ou nossa posição na empresa. Em tal contexto, nossa perspectiva pode ser distorcida, a ponto de amarmos nossos bens e usarmos as pessoas para alcançar o que queremos.
E se nadarmos contra a maré para reverter essa tendência? Vamos nos esforçar para amar nosso próximo como a nós mesmos e dar às coisas o lugar que merecem, para usá-las com sabedoria. Assim iremos descobrir esta simplicidade de vida que Deus deseja para nós.
Genevieve Radloff
Este artigo foi publicado em colaboração com Espiritualidade, a revista que reúne mulheres cristãs do mundo de língua francesa.
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Originalmente publicado em agosto de 2021.