
"A situação é muito grave. Há muitas vítimas, feridas, desaparecidas ou mortas, e o número só vai aumentar nos próximos dias."
O ciclone Freddy, de longevidade recorde, atingiu o sul da África duas vezes em três semanas. O número de mortos por inundações e deslizamentos de terra no Malawi e em Moçambique é agora de mais de 200.
Ciclone tropical #freddy atingiu a costa em Malawi causando devastação generalizada.
—Jagan Chapagain (@jagan_chapagain) 14 de março de 2023
Os relatórios indicam que o ciclone perturbou a vida e os meios de subsistência de muitas pessoas.
A IFRC está trabalhando com @MalawiRedCross para fornecer apoio aos afetados. pic.twitter.com/cmuySJpUmp
Freddy seguiu um caminho sinuoso raramente mapeado por meteorologistas, chegando à terra firme pela segunda vez no fim de semana em Moçambique, antes de seguir para o vizinho do sul, Malawi, na manhã de segunda-feira.
É o Malawi que pagou o preço mais alto até agora pelo retorno do ciclone tropical. O Escritório Nacional de Gerenciamento de Desastres relata pelo menos "190 mortos, 584 feridos e 37 desaparecidos".
O presidente Lazarus Chakwera, que voltou do Qatar na terça-feira, elogiou os esforços dos voluntários: "Chegamos a uma nação devastada", lamentou em comunicado. Sobre Twitter, ele pediu solidariedade.
"É hora de todos darem as mãos e levarem conforto às comunidades afetadas. A todos que ajudam, obrigado."
O estado de calamidade foi declarado na região de Blantyre, capital econômica e epicentro do mau tempo, onde cerca de 20 pessoas estão desabrigadas.
Malawi, desastre natural, com o ciclone Freddy.
— Hugues Zinsou Zounon (@HuguesZounon) 13 de março de 2023
mais de 100 mortos, mais desaparecidos, mais desaparecidos e mais de 10 https://t.co/zFjx0jlh0N vídeo de 1 criança indefesa.
72 horas de chuva ininterrupta em Blantyre, e a chuva continua.# Malawi#Wasexo pic.twitter.com/1mTv7WTBo1
"Estamos desamparados e não há ninguém para nos ajudar", diz John Witman, 80 anos, que procura o genro, que desapareceu no desabamento de sua casa, arrastado pela enchente repentina. Há muitos como ele, cavando a lama com as próprias mãos, procurando por entes queridos, enquanto a chuva persiste. Em algumas áreas, os escavadores também estão procurando vítimas.
"A situação é muito grave", explica Guilherme Botelho, coordenador do projeto emergencial da Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Blantyre:
"Há muitas vítimas, feridas, desaparecidas ou mortas, e o número só aumentará nos próximos dias. O Hospital Central Queen Elizabeth em Blantyre está sobrecarregado com o fluxo de feridos de diferentes áreas. Portanto, reunimos uma equipe de enfermeiros e funcionários clínicos para fornecer apoio médico e logístico. Também estamos doando suprimentos médicos e avaliaremos se os alimentos devem ser fornecidos aos pacientes."
A ameaça de ressurgimento da cólera também continua sendo uma séria preocupação, já que o Malawi sofreu recentemente o maior surto que o país já viu em sua história após a passagem da tempestade tropical Ana no ano passado. “Ainda mais porque a cobertura vacinal em Blantyre é muito baixa”, especifica o coordenador.
No local, as igrejas vêm em apoio às vítimas do ciclone, conforme explicou Vicente Moyo, diretor nacional da Tearfund para Malawi.
"A igreja já começou a responder fornecendo abrigo e comida para aqueles cujas casas foram destruídas. A igreja também está fornecendo apoio psicossocial aos enlutados enquanto eles enterram os mortos."
Formado na Austrália no início de fevereiro, o Freddy está no Oceano Índico há 36 dias, uma longevidade recorde.
MC (com AFP)