Eleição presidencial no Brasil: Bolsonaro resiste a Lula [OPINIÃO]

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Tempos difíceis para os pesquisadores! No Brasil, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, no último domingo, 2 de outubro, subestimaram amplamente a capacidade de resistência do presidente cessante, Jair Bolsonaro, diante do retorno de Luiz Inácio Lula da Silva, diz Lula, seu principal adversário. Sem dúvida abusados ​​pelo “voto oculto” dos eleitores “populistas”, mas talvez influenciados também por uma certa inclinação à esquerda, eles deram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vitória no primeiro turno de Jair Bolsonaro. Na maioria das pesquisas, Bolsonaro não alcançou 40% das intenções de voto. No entanto, o presidente cessante obteve 43,2% dos votos e Lula 48,4%. Nenhum dos candidatos tendo atingido 50%, será necessário um segundo turno, cujo resultado, no domingo, 30 de outubro, permanece em aberto, pois apenas 5 pontos os separam (enquanto todas as pesquisas estimam que eles tenham pelo menos 10 pontos de diferença) .

A pontuação de Bolsonaro, que se dizia encerrada, desacreditada pela gestão da crise sanitária, econômica e social que abalou seu primeiro mandato, não está longe da de sua eleição em 2018 (46%). Acima de tudo, ele está na liderança em metade dos estados, incluindo alguns de primeira importância: 51% dos votos no Rio de Janeiro e no estado de Brasília, 47% no estado de São Paulo, o mais populoso e o economia do coração do Brasil, com 7 pontos à frente de Lula. O presidente cessante, ex-soldado, obteve suas melhores notas nas regiões centro-oeste, sul (região de grandes fazendas), sudeste, mas também no noroeste do país, no estado de Roraima, onde Bolsonaro obteve 69,6% dos votos. O ex-presidente de esquerda e ex-metalúrgico, por sua vez, alcançou, com seu Partido dos Trabalhadores, suas melhores notas na região Nordeste, mais pobre e rural (a melhor: 74,2% no Estado do Piauí).

O maior erro dos pesquisadores pode vir de sua cegueira para a ascensão do poder no Brasil de cristãos “evangélicos”, esmagadoramente favorável ao católico Bolsonaro (ele mesmo próximo a esses carismáticos protestantes, inclusive sua esposa). Os institutos de pesquisa se defendem destacando “o voto oculto” dos eleitores de direita, incentivados pelas autoridades a não respondê-los.

Mas os observadores políticos notaram, por sua vez, as fraquezas da campanha eleitoral de Lula, cujos slogans como “livros e amor ao invés de armas e ódio” tinham um lado de “urso carinhoso” pouco mobilizador. Além disso, seus comentários de campanha glorificaram seus dois mandatos anteriores (2003-2011), mas dificilmente abriram perspectivas para aquele que ele estava concorrendo. Também é difícil para Lula fazer as pessoas esquecerem seus problemas com a lei, que resultaram em duas condenações por favoritismo e corrupção, e uma prisão de 580 dias (entre abril de 2018 e novembro de 2019) – condenações canceladas no ano passado por vice-presidente forma, o que lhe permitiu representar a si mesmo. No primeiro debate televisionado da campanha presidencial, em 28 de agosto em São Paulo, que se voltou a favor de Jair Bolsonaro, este acusou Lula de ter liderado o governo "o mais corrupto da história do Brasil".

O resultado da segunda rodada dependerá da transferência de votos do eleitorado dos candidatos Simone Tebet (centro-direita) e Ciro Gomes (centro-esquerda), respectivamente terceiro e quarto, com 4,16% e 3,04% dos votos. Lula terá que negociar com eles. Resta também uma grande incógnita: a possível mobilização dos 30 milhões de abstêmios do primeiro turno (apesar da obrigatoriedade do voto) de 156 milhões de eleitores.

Mas outros resultados eleitorais já são certos, em benefício do campo de Bolsonaro : paralelamente às eleições presidenciais, no último domingo, os eleitores elegeram os governadores de 27 Estados, os 513 deputados do país e um terço dos 81 senadores. No entanto, essas eleições ofereceram ao Partido Liberal (PL) do presidente cessante uma série de vitórias que garantiram aos “bolsonaristas” a maioria tanto no Congresso quanto no Senado e na Câmara dos Deputados. Mesmo que Lula conseguisse vencer o segundo turno das eleições presidenciais em 30 de outubro, teria dificuldades com os governadores e parlamentares... onda”, analisa Olivier Compagnon, professor do Instituto de Estudos Avançados da América Latina, entrevistado por La Croix (link abaixo).

Felipe Oswald

Fonte: La Croix

Este artigo foi publicado em Seleção do dia.

 


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