Nicarágua: Assediado pela polícia, bispo agradece testemunhos de solidariedade

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Um bispo da Nicarágua expressou sua gratidão nesta quinta-feira pelas mensagens de solidariedade recebidas de seus fiéis, mas também de todo o mundo, enquanto a polícia o impediu de sair por duas semanas acusando-o de querer "desestabilizar" o país e "incitar o ódio". .

“Obrigado por sua atenção, por se lembrar de nós”, disse Dom Roland Alvarez, bispo de Matagalpa (nordeste), na quinta-feira, durante uma missa celebrada na capela de seu bispado transmitida pelas redes sociais.

Desde 4 de agosto, a polícia cercou o bispado de Matagalpa, onde Dom Alvarez, crítico do governo do presidente Daniel Ortega, está recluso com uma dúzia de religiosos e leigos.

Novamente na quarta-feira, 26 ex-chefes de Estado da Espanha e da América Latina apelaram ao Papa Francisco, que até agora permaneceu em silêncio, para "manter-se firme em defesa do povo nicaraguense e de sua liberdade religiosa".

“Estamos nas mãos de Deus”, disse o bispo Alvarez durante a missa de quinta-feira, garantindo que Deus “conquista as trevas, a injustiça (...) faz tremer o inferno e os joga de volta no mar de sua própria maldade”.

O prelado de 55 anos diz que não sabe por que as autoridades o estão processando e acredita que ele está em "prisão domiciliar".

As autoridades nicaraguenses acusam o prelado de querer “organizar grupos violentos” e incitar “atos de ódio (...) para desestabilizar o Estado da Nicarágua”.

As autoridades multiplicaram nos últimos dias as proibições e vexames contra os padres católicos, segundo o Centro Nicaraguense de Defesa dos Direitos Humanos (Cenidh) para o qual "o governo endureceu a repressão contra a Igreja e seus padres mesmo nos cantos mais remotos da Nicarágua".

A diocese de Siuna anunciou na noite de domingo em um comunicado de imprensa a prisão de um de seus sacerdotes. A promotoria solicitou sua colocação em prisão preventiva por 90 dias, de acordo com Cenidh.

Em julho, as freiras da Congregação das Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa, tiveram que deixar a Nicarágua, expulsas como “delinquentes”, indignava-se o Cenidh.

As relações entre a Igreja Católica e o governo de Ortega estão tensas desde 2018, quando manifestantes que exigiam a renúncia do presidente da Nicarágua se refugiaram em igrejas.

O presidente Ortega acusa o clero católico de cumplicidade na tentativa de golpe de Washington. A crise levou inclusive à expulsão em março do Núncio Apostólico, Dom Waldemar Sommertag.

O Conselho Editorial (com AFP)

Crédito de imagem: Shutterstock.com / Valery Shanin

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Resumo das notícias de 24 de março de 2023

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