
O presidente mexicano confirmou nesta quinta-feira a morte do suposto assassino de dois jesuítas e de um guia turístico em junho na Serra de Tarahumaras, no noroeste do México, um assassinato que comoveu até o papa.
O corpo de José Noriel Portillo, um pequeno suspeito de tráfico de drogas e madeira, apelidado de "El Chueco", foi descoberto no sábado passado no estado vizinho de Sinaloa, reduto do cartel de mesmo nome.
"Está confirmado que foi José Noriel Portillo Gil", disse o presidente Andrés Manuel López Obrador em sua tradicional entrevista coletiva matinal, sem especificar as circunstâncias de sua morte.
A promotoria do estado de Chihuahua acusou o senhor Portillo, considerado o retransmissor do cartel de Sinaloa nos Tarahumaras, do assassinato em 20 de janeiro dos padres jesuítas Javier Campos e Joaquín Mora e do guia turístico Pedro Palma.
O triplo assassinato aconteceu na presença de outro jesuíta, dentro da igrejinha da missão Cerocahui de onde os padres realizam trabalhos sociais com a comunidade Raramuri, nesta região onde chegaram, no século XVII.
“Quantos assassinatos no México!”, reagiu o Papa Francisco, ele próprio um jesuíta.
A morte de El Chueco "não pode de forma alguma ser considerada um triunfo da justiça ou uma solução para a violência estrutural na Serra Tarahumara", reagiram os jesuítas do México em um comunicado de imprensa na quarta-feira, um dia antes da confirmação oficial da morte do corpo identidade.
“Pelo contrário, a ausência de um julgamento de acordo com a lei implicaria uma falha do Estado mexicano em face de seus deveres básicos”, acrescentaram.
Javier Campos, 79, e Joaquin Mora, 81, foram baleados e mortos enquanto "tentavam defender o guia turístico que buscava refúgio" na igreja da missão, segundo a promotoria.
José Noriel Portillo agrediu outras duas pessoas após uma discussão sobre um jogo de beisebol.
A Serra de Tarahumaras e a espetacular barranca del cobre são servidas pelo trem turístico Chepe que vai do Pacífico a Chihuahua.
Como em outras partes do México (Guanjuato, Zacatecas), a região também é um campo de batalha entre cartéis nas fronteiras dos Estados Unidos.
Trinta padres foram assassinados nos últimos dez anos no México, segundo a ONG Centro Católico Multimedial.
O Conselho Editorial (com AFP)