
“No final do processo, cerca de 200 ativistas religiosos se reuniram perto da entrada principal dos tribunais acompanhados por grupos de advogados filiados a vários partidos extremistas. Alguns advogados locais nos disseram que corríamos o risco de sermos atacados”.
Haroon Shahzad, um cristão paquistanês, compartilhou em sua conta no Facebook versículos bíblicos sobre carne sacrificada a ídolos, quando os muçulmanos iam celebrar o Eid el-Kebir, a festa do sacrifício. Acusado de blasfêmia, ele havia sido colocado em "prisão preventiva".
Em 11 de julho, sua audiência de fiança seria realizada. Sua advogada, Aneeqa Maria, foi até lá, mas a polícia, segundo Notícias da Estrela da Manhã, impediu que o cristão aparecesse lá.
“A polícia se recusou a fazer justiça a Shahzad para apaziguar os partidos religiosos”, explica o advogado, “eles sabiam que ele seria libertado sob fiança de mérito, por isso o impediram deliberadamente de comparecer perante o juiz”.
Aneeqa Maria acrescenta que "extremistas muçulmanos começaram a gritar slogans inflamatórios no tribunal". Foi nesse clima que o advogado começou a pleitear. Mas um investigador "disse ao tribunal que não estava sob custódia e negou saber onde estava".
Declaração refutada pelo advogado de Haroon Shahzad, que explica que seus "pedidos foram ignorados e o juiz, aparentemente sob pressão da multidão, rejeitou nosso pedido de fiança permanente a Shahzad, já que ele não compareceu ao tribunal".
No final do processo, Aneeqa Maria teve de permanecer na sala do bar, à espera da saída de "cerca de 200 activistas religiosos reunidos junto à entrada principal dos tribunais acompanhados por grupos de advogados filiados em vários partidos extremistas".
"Alguns advogados locais nos disseram que corremos o risco de sermos atacados", ela testemunhou. "Esperávamos que ele fosse libertado sob fiança, mas os eventos que se desenrolaram frustraram nossas esperanças", disse Irfan Shahzad, irmão de Haroon.
MC