
Na ausência de delito, o Ministério Público de Paris encerrou o procedimento por agressão sexual aberto após uma denúncia dirigida ao ex-arcebispo de Paris, Michel Aupetit, que “doravante” poderá continuar a sua “missão pastoral” sem “dificuldades”. , segundo seu advogado.
A investigação foi aberta em dezembro de 2022 após um relatório da diocese de Paris e das investigações confiadas à Brigada de Repressão à Delinquência Pessoal (BRDP).
Referiam-se às trocas escritas entre Monsenhor Aupetit e um paroquiano que estava sujeito a uma medida de proteção judicial, cujo aparente consentimento teve de ser confirmado.
Segundo Me Jean Reinhart, advogado de Michel Aupetit, “nunca houve qualquer ambiguidade” ou “gestos inapropriados” por parte do seu cliente.
“Dom Aupetit abordou a abertura desta investigação com serenidade porque estava certo de que só poderia terminar com uma classificação sem novas ações. Ele pode continuar a atuar na sua missão pastoral sem que haja qualquer dificuldade a partir de agora”, disse à AFP. .
“Sem ofensa criminal”
O ex-arcebispo de Paris foi ouvido em audiência livre no dia 9 de junho e “afirmou nunca ter tido uma relação romântica ou sexual com a mulher em questão”, informou quinta-feira a procuradoria de Paris, solicitada pela AFP.
"Ela disse aos investigadores que tinha uma memória nítida das situações mencionadas. Considerou que não constituíam qualquer infração penal, não apresentou queixa", segundo a mesma fonte.
“Não sendo nada susceptível de ser qualificado criminalmente”, o Ministério Público encerrou o processo sem mais diligências.
Dom Aupetit, nomeado chefe da arquidiocese de Paris em dezembro de 2017, apresentou a sua renúncia no final de novembro de 2021 ao Papa Francisco, que a aceitou imediatamente, depois de vários jornais lhe terem atribuído uma relação amorosa com outra mulher, que ele tinha categoricamente negado.
Ele também foi muito polêmico pela gestão dos recursos humanos da diocese.
Entrando tarde no sacerdócio – foi ordenado aos 44 anos, depois de exercer a medicina durante 11 anos – Michel Aupetit, 72 anos, exerceu vários ministérios como vigário, pároco e capelão dos jovens, antes de ser nomeado bispo.
O arcebispo, que teve de gerir o incêndio em Notre-Dame de Paris em 2019, é conhecido pelas suas posições rígidas sobre a família e a bioética: apoiou nomeadamente as “marchas pela vida” hostis à interrupção voluntária da gravidez.
Ele também teve problemas com a comunidade homossexual em 2012 durante os debates sobre “casamento para todos”.
Ainda considerado bispo (emérito) pelo Vaticano, Monsenhor Aupetit instalou-se, após a sua demissão, numa antiga abadia de Toulouse.
Segundo o seu conselho, que sublinha que “o papa nunca lhe tirou a confiança”, ele “dedica a sua missão pastoral” a associações que ajudam os pobres em toda a França.
O Conselho Editorial (com AFP)