Sobreviventes do ciclone Freddy enfrentam pior surto de cólera em 20 anos em Moçambique
Em Moçambique, dez das onze províncias do país são afetadas pela cólera.
Em março passado, o furacão Freddy, com uma recorde de longevidade, varreu Moçambique, deixando 183 mortos e mais de 640 mil desabrigados. Hoje, as consequências do ciclone persistem. O país é atingido pela pior epidemia de cólera das últimas duas décadas.
Segundo Fundo de População das Nações Unidas, até 14 de abril de 2023, mais de 27 casos de cólera foram relatados em dez das onze províncias de Moçambique. A província da Zambézia é a mais afectada, com 45% de todos os casos relatados.
O chefe do Departamento Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Domingos Guihole, explica a situação no local.
"Neste momento em Moçambique a situação da cólera não é boa. Não é boa porque temos 10 províncias afectadas pela cólera. Temos 53 distritos em todo o país, dos quais 45 têm cólera activa."
“Devemos dizer a todos os moçambicanos que devemos seguir as recomendações do Ministério da Saúde relativas à higiene da água, higiene alimentar e até higiene coletiva”, continua.
No local, o Dr. Equiba Abílio, obstetra-ginecologista de um centro de tratamento de cólera em Quelimane, aponta a situação particularmente difícil das mulheres grávidas.
“Em toda a minha experiência profissional como médico, nunca vi tantas grávidas nesta situação”, disse.
“A gestão dos casos de cólera durante a gravidez é muito desafiadora, pois tanto a cólera quanto as complicações obstétricas precisam ser prevenidas e tratadas”, diz a Dra. Marilena Urso, Especialista em Saúde Materna do UNFPA Moçambique.
Embora o Ministério da Saúde tenha indicado que campanhas de vacinação foram realizadas, com um total de 1,2 milhão de pessoas em risco, uma resposta humanitária coordenada continua sendo essencial.
MC
