
A Conferência dos Bispos da França (CEF) apresentou na terça-feira um "manual", que a partir do ensinamento da Igreja, quer ser uma "ferramenta" para "desconstruir os clichês" que alimentaram o "antijudaísmo cristão".
Intitulado "Desconstruindo o antijudaísmo cristão", este manual (Editions du Cerf, nas livrarias quinta-feira), pretende, em vinte temas divididos em outros tantos capítulos, responder aos "clichês veiculados por séculos que alimentaram sentimentos hostis e desdenhosos em relação judeus", segundo a CEF.
“Não é uma questão de desconfiança em relação a um ou outro”, declarou em coletiva de imprensa o padre Christophe Le Sourt, chefe do Serviço Nacional de Relações com o Judaísmo da CEF e editor deste livro.
Mas é uma “ferramenta muito importante”, que permite “retirar os habituais preconceitos propagados”, com base no ensinamento da Igreja durante 60 anos, e em particular desde o Concílio Vaticano II”, afirmou.
Entre os clichês, há por exemplo a ideia segundo a qual o povo judeu seria "déicídio" (responsável pela morte de Jesus). Uma acusação que "não encontra justificativa nas Escrituras", escreveu ele no manual.
A abordagem é saudada pelo rabino-chefe da França, Haïm Korsia, que no prefácio a vê, entre outras coisas, "uma demonstração de fraternidade". “Lutar contra o antijudaísmo é também, claro, lutar contra o antissemitismo”.
O manual, juntamente com as fichas educativas disponíveis no site da CEF, dirige-se aos “católicos de todos os círculos”, “aos sacerdotes, seminaristas, acompanhantes de jovens em capelanias ou movimentos escoteiros”, etc. Le Sour à AFP.
"Se a luta contra o antijudaísmo e o antissemitismo deve passar por atos solenes das autoridades eclesiais, como o Concílio Vaticano II ou (...) as sucessivas declarações do episcopado francês, também deve trabalhar os corações e as mentes de todos e de todos", diz Eric de Molins-Beaufort, presidente da CEF, que assina o prefácio do livro.
Moshe Lewin, vice-presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, sugeriu durante a coletiva de imprensa realizada na sede de uma das instituições judaicas, o United Jewish Social Fund, que a obra “seja traduzida para todas as línguas”.
Equipe editorial da AFP