O voto evangélico “decisivo”, segundo pastor próximo a Bolsonaro

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À frente de um império de 150 templos evangélicos, o pastor brasileiro Silas Malafaia, amigo próximo e conselheiro informal do presidente Jair Bolsonaro, está profundamente envolvido na campanha para sua reeleição.

“Percebi o que é ser poderoso”, disse à AFP o chefe da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADEVC).

Ele dirige esta Igreja há 12 anos e se orgulha de ter multiplicado por dez o número de fiéis, “de 20.000 para 200.000”.

“Qualquer um pode tentar influenciar as eleições, por que não eu? Sindicalistas, médicos, comunistas fazem-no bem”, diz este homem de 63 anos de pele bronzeada e careca.

“Se eu publicar um vídeo, ele chega a mais de 500.000 mil visualizações em poucas horas”, garante essa estrela dos programas evangélicos da TV, que tem mais de 10 milhões de assinantes nas redes sociais.

Em um de seus vídeos, ele não hesita em afirmar que "a cachaça destruiu os neurônios" do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que está à frente de Jair Bolsonaro nas pesquisas de outubro. 2 eleição.

O pastor Malafaia apoia Bolsonaro porque este defende os valores conservadores caros à maioria dos evangélicos, que notadamente rejeitam o direito ao aborto e ao casamento gay.

Os evangélicos, seguidores de uma corrente protestante heterogênea, mas majoritariamente conservadora, representam quase um terço da população brasileira.

"Em 2032, seremos a maioria da população", disse ele durante entrevista no templo principal da ADEVC, um prédio moderno com grandes janelas escurecidas que pode acomodar 6.500 fiéis na Penha, bairro popular da zona norte do Rio de Janeiro.

O voto evangélico é “decisivo”, segundo ele. “Alguns devotos vão ao templo quatro vezes por semana e isso cria um vínculo social muito forte”, explica.

confidente de Bolsonaro

Malafaia e Bolsonaro são amigos de longa data. O pastor carioca celebrou o casamento com a esposa Michelle, uma evangélica fervorosa.

Na quarta-feira, ele esteve ao lado do presidente na tribuna durante as comemorações do bicentenário da independência, em Brasília e depois no Rio.

O filho mais velho do presidente de extrema direita, Flavio Bolsonaro, revelou em 2021 que Silas Malafaia falava “quase todos os dias” com o pai e era fonte de “influência”.

O pároco confirma e garante que não hesita em falar-lhe com toda a franqueza: “Digo-lhe quando penso que não está a seguir o caminho certo”.

Mas ele geralmente defende o mandato do chefe de Estado, que chegou ao poder em janeiro de 2019.

"Bolsonaro conseguiu liderar tanto a defesa dos valores (cristãos) quanto o combate à violência e à corrupção", disse.

De acordo com a última pesquisa do instituto de referência Datafolha, Jair Bolsonaro é creditado com 48% das intenções de voto entre os evangélicos, contra 32% para Lula. Por outro lado, o ex-presidente de esquerda mantém uma liderança significativa no eleitorado como um todo (45% contra 32% de Bolsonaro).

Malafaia não acredita em pesquisas, lembrando que em 2018 só deram a vitória a Bolsonaro na reta final antes da eleição presidencial.

O pastor continua confiante, “mas não será fácil”.

“Aliados, não alienados” 

Assim como Bolsonaro, Silas Malafaia questiona a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas, embora nenhum vestígio de fraude tenha sido encontrado até o momento.

"Há pessoas que são capazes de hackear sistemas ultra-seguros" como o do Pentágono, "por que isso não aconteceria aqui?" »

Silas Malafaia também é muito crítico de um dos que mais irritam o presidente, Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um "ditador de toga", segundo ele.

Esse implacável magistrado, que também é membro do Supremo Tribunal Federal, ordenou a abertura de vários inquéritos contra Bolsonaro, em especial por disseminação de informações falsas.

Mas o apoio do pastor Malafaia não é incondicional: “Quero ser livre, e se em algum momento tiver que bater, eu faço. Eu sou um aliado, não um alienígena.

O Conselho Editorial (com AFP)


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