
A Nicarágua está considerando suspender as relações com o Vaticano, disse o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua no domingo, depois que o Papa Francisco chamou o país centro-americano de "uma ditadura grosseira".
"Diante das informações divulgadas por fontes ligadas à Igreja Católica, o governo de reconciliação e unidade nacional da nossa bendita e sempre livre Nicarágua especifica que está prevista a suspensão das relações diplomáticas entre o Estado do Vaticano e a República da Nicarágua", disse o ministério. em um comunicado.
O Papa Francisco descreveu o regime do presidente Daniel Ortega como uma "ditadura grosseira" na sexta-feira, em entrevista ao diário argentino Infobae. “Com todo o respeito, não tenho escolha a não ser acreditar que este líder sofre de um desequilíbrio”, disse ele.
“É como se quiséssemos estabelecer a ditadura comunista de 1917 ou a hitleriana de 1935”, continuou o papa, acrescentando: “São ditaduras grosseiras”.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, havia estimado no final de fevereiro que uma "máfia" dentro do Vaticano decidiu sobre a eleição do papa e de altos líderes religiosos.
“O povo deveria eleger os cardeais e deveria haver uma votação entre o povo católico (...) que está organizado lá no Vaticano”, disse Ortega.
Esta diatribe do presidente nicaraguense ocorre mais de uma semana depois de uma declaração do Papa Francisco, que se disse "preocupado" e "triste" com a situação na Nicarágua, em particular após a sentença de 26 anos de prisão do bispo Rolando Álvarez e a expulsão de 222 adversários para os Estados Unidos.
Em 9 de fevereiro, o governo de Ortega libertou 222 presos políticos, deportou-os para os Estados Unidos e retirou-lhes a nacionalidade nicaraguense.
O bispo Rolando Álvarez, detido desde agosto de 2022, recusou-se a ser extraditado e foi condenado no dia seguinte a 26 anos de prisão, em particular por "conspirar e espalhar notícias falsas".
O Conselho Editorial (com AFP)