
A Universidade Centro-Americana (UCA) da Nicarágua, dirigida pelos jesuítas, anunciou quarta-feira a suspensão de suas atividades depois que um tribunal ordenou o confisco de seus bens e fundos, acusando-a de ser um "centro de terrorismo".
"As ações acima são tomadas em resposta a acusações infundadas de que a Universidade Centro-Americana tem operado como um centro de terrorismo", disse a UCA em nota à comunidade universitária.
O governo de Daniel Ortega acusa a Igreja Católica de ter apoiado os manifestantes que exigiam em 2018 sua renúncia, bem como a de sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo. A repressão deixou mais de 300 mortos, segundo a ONU.
A UCA explica que recebeu notificação oficial na terça-feira sobre esta apreensão ordenada por um tribunal de Manágua. O documento "ordena que a penhora de todos os bens descritos (...) seja feita a favor do Estado da Nicarágua, que garantirá a continuidade de todos os programas de ensino", acrescenta a universidade.
As autoridades nicaragüenses haviam ordenado o congelamento das contas bancárias da UCA na semana passada, sem anunciar outras medidas.
“A Universidade Centro-Americana (UCA) suspende a partir de hoje (quarta-feira) todas as atividades acadêmicas e administrativas, até que seja possível retomá-las de forma normal”, indica o estabelecimento.
Fundada em 1960 por padres da Companhia de Jesus, a UCA acolhe cerca de 5.000 alunos.
Em março, o governo ordenou o fechamento da Universidade João Paulo II e da Universidade Autônoma Cristã da Nicarágua (UCAN) e a nacionalização de seus bens, alegando "descumprimento de suas obrigações legais".
Foi também em março que o Vaticano fechou sua nunciatura (embaixada), quando as relações com Manágua atingiram um ponto de ruptura depois que o Papa Francisco chamou o governo de Ortega de "ditadura grosseira".
Nos últimos dois anos, cerca de 3.000 ONGs ou associações foram dissolvidas pelas autoridades nicaraguenses alegando violações da lei.
O presidente Ortega, ex-guerrilheiro no poder desde 2007, foi reeleito em novembro de 2021 em uma votação polêmica da qual todos os seus potenciais adversários fortes estavam ausentes, tendo sido presos ou forçados ao exílio.
O Conselho Editorial (com AFP)