A arte de ser ou de possuir?

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Onipotência, germe patológico do qual cada pessoa em posição de responsabilidade deve se proteger! É legítimo interrogarmo-nos sobre a imensa distância que presenciamos no dia a dia, entre os discursos que defendem os interesses dos povos, das famílias, os interesses das crianças ... e o deslocamento da prática para uma forma de negação das reais necessidades do outro.

UEstabelece-se um diálogo de surdos entre aquele que detém "a autoridade", o saber, a missão e o suposto beneficiário. Há então quem sabe, que deseja o outro e que acaba impondo uma forma de pensamento, uma moda, um funcionamento que não deixa mais liberdade ao outro.

Esse vizinho de quem a Bíblia nos fala, aquele que devo amar como a mim mesmo, torna-se objeto de meu desejo, de minhas fantasias a ponto de às vezes ser manipulado como uma pequena marionete a quem não reconhecemos nem temos razão. à palavra, o direito de fazer ou de agir ... Ele precisa tanto de nós! Mas basicamente quem preenche a necessidade de quem? Sou eu que preciso do outro ou é bom para ele, para o seu bem, que ajo?

Esta é a questão da ligação entre ser e ter:

“Quem se apodera de um ser e procura possuí-lo, não o diz abertamente. Ele a considera sua posse, alegando, com cuidado, que cuida dele, ou que é responsável por isso. "

Não é este o drama de nossa sociedade que confunde seus próprios desejos e as reais necessidades do outro? Mas, em uma escala menor, estamos todos sujeitos a esse desvio. Por ser um ser responsável, devo esforçar-me por dar ao outro os meios para fazer valer seu potencial, tendo o cuidado de não enfatizar suas incapacidades para não mantê-lo em um sentimento de fracasso e em uma relação de dependência. Às vezes, infelizmente, tendemos a diminuir ou mesmo “quebrar” o outro com o vergonhoso e, felizmente, inconsciente objetivo de nos valorizarmos.

“Ora, quem assume a responsabilidade tem o direito de dispor e apoderar-se das crianças, dos deficientes, dos velhos, dos enfermos e dos desajustados, como se fossem sua propriedade, e acautela-te com o paciente que se atreve a recuperar a saúde, cuidado com a criança que quer ganhar a vida! É aqui que o modo de ser se manifesta, determinado pelo ter. " 
R. Funk, prefácio de Erich Fromm, The Art of Being...

Quanto em contexto eleitoral, medimos até que ponto, os candidatos de hoje vão precisar amanhã, pelo menos para quem vai ser eleito, lembrar, que nos mais altos cargos do Estado, o sentido das responsabilidades exige um grande humildade, a do dever de nunca se desfazer ou prender as crianças, os deficientes, os velhos, os enfermos…. Nenhum deles é sua propriedade e cada um deve permanecer, seja qual for o seu estatuto, objeto de escuta e benevolência respeitosa. O que se aplica a um estadista é tão válido para um pai ou mãe, para um educador, para um pastor ...

Françoise CARON


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