
Se os cristãos estão bastante acostumados com a ideia da “graça de Deus”, isso não os torna menos desconfortáveis.
Sim, a noção de graça é muitas vezes difícil de aceitar. Moldado por um ambiente social onde tudo é comprado ou merecido, onde nossas ações levam a aprovação, parabéns ou sanção, não é fácil apreender o “conceito” de graça.
Porque é bom dizer que a graça é um dom, isso não muda muito. Afinal, não damos presentes principalmente a pessoas de quem gostamos e com quem nos damos muito bem? O presente como o conhecemos muitas vezes não é visto como uma forma de recompensa proporcional ao afeto mútuo que duas pessoas têm uma pela outra?
A graça de Deus muda o paradigma da compreensão.
No conceito de graça, o receptor (o ser humano) não tem nada a ver. Ele só tem que aceitar. E se ele aceitar, isso induzirá mudanças nele. Consciente da enormidade do dom recebido, é impelido a “caminhar em novidade de vida”, a mudar o que, nele, não é digno da dimensão do dom que lhe é oferecido.
Em essência, a graça é imerecida e contrária aos nossos raciocínios humanos padrão. Conseqüentemente, perceber o benefício recebido pela graça de Deus leva a adotar comportamentos e uma consciência que, por sua vez, saem das concepções usuais. E isso naturalmente leva a trazer a dimensão do sobrenatural para a vida de uma pessoa.
Passo a passo, o sobrenatural de Deus torna-se então parte da vida diária da pessoa que aceitou a graça. Louvar um Deus que os olhos não podem ver, falar com ele, ler suas respostas na natureza ou nas circunstâncias, ver sua grandeza em nossa fraqueza, apropriar-se de um texto bíblico como se tivesse sido escrito apenas para si mesmo...: tantos atos seguindo a graça que foi disponibilizada gratuitamente.
Para avançar neste caminho de graça, em parceria com a eXcaléo e BLF Editions, temos o prazer de lhe oferecer o trecho do livro "A la recherche de la grace", para download aqui.
Pascal Portoukalian