
A UE aprovou na quinta-feira um sexto pacote de sanções contra Moscou, incluindo um embargo de petróleo com isenções, mas desistiu de colocar na lista negra o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, após duras negociações sob pressão da Hungria.
O texto, aprovado quinta-feira pelos embaixadores dos Vinte e Sete, deve ainda receber o acordo escrito de cada Estado-Membro com vista à sua publicação sexta-feira no Jornal Oficial para permitir a entrada em vigor das medidas, segundo a presidência francesa do Conselho da UE.
A Comissão Europeia propôs incluir na lista de pessoas sancionadas por um congelamento de bens e uma proibição de entrada na UE o patriarca Kirill por seu apoio à ofensiva russa, mas a Hungria se opôs.
“Conseguimos remover o Patriarca Kirill da lista. Era uma questão de princípio para nós por causa de nosso compromisso com a liberdade religiosa”, comentou o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, no Facebook.
Budapeste também havia bloqueado um embargo total às importações de petróleo russo. A Hungria, um país sem acesso ao mar, depende em 65% do seu consumo de petróleo daquele transportado pelo oleoduto Druzhba.
As sanções da UE devem ser tomadas por unanimidade.
Durante uma cimeira na segunda-feira em Bruxelas, os Chefes de Estado e de Governo dos 27 acabaram por chegar a um acordo que deverá conduzir a uma redução de cerca de 90% das suas importações de petróleo russo até ao final do ano, a fim de cortar o financiamento da guerra travada por Moscou contra a Ucrânia.
O acordo prevê a cessação gradual das importações de petróleo russo transportado por barco, ou seja, 2/3 das compras europeias. A fim de levantar o veto da Hungria que exigia garantias para a sua segurança energética, foi prevista uma isenção provisória para o petróleo transportado por Druzhba, que abrange, além deste país, a Eslováquia e a República Checa.
Tendo a Alemanha e a Polónia se comprometido a cessar as suas importações através deste oleoduto até ao final de 2022, no total 90% das exportações de petróleo russo para a UE deverão ser interrompidas até ao final do ano.
A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, saudou este novo acordo sobre "fortes sanções contra Putin e o Kremlin", em um tweet.
Em negociação há um mês, o novo pacote de sanções também planeja estender a lista negra da UE, adicionando cerca de sessenta personalidades, incluindo muitos soldados russos suspeitos de "crimes de guerra" em Boutcha, membros da família do porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, mas também ex-russos ginasta Alina Kabaeva. Alguns meios de comunicação e opositores de fato atribuíram a ele um relacionamento de anos com Vladimir Putin, que o presidente russo havia negado em 2008.
Também inclui a exclusão de três bancos russos do sistema financeiro internacional Swift, incluindo o Sberbank, o principal estabelecimento bancário da Rússia, bem como um banco bielorrusso. Sete bancos russos já haviam sido banidos desse sistema pelos europeus.
Três canais de TV russos, incluindo Russia 24 e Russia RTR, serão proibidos de transmitir na UE.
As sanções europeias, tomadas desde 2014 após a anexação da Crimeia, já atingem 1.091 pessoas e 80 entidades.
O vice-primeiro-ministro russo da Energia, Alexander Novak, alertou na quinta-feira que os consumidores europeus seriam os primeiros a “sofrer” com o embargo do petróleo. "Não excluo que haja uma grande escassez de produtos petrolíferos na UE", acrescentou.
Em 2021, a fatura das importações europeias de petróleo russo (80 bilhões de euros) foi quatro vezes maior do que a das compras de gás da Rússia.
O Conselho Editorial (com AFP)