
Um grupo de esposas de soldados ucranianos do regimento Azov encontrou-se com o Papa Francisco na quarta-feira, pedindo-lhe para intervir para "salvar as vidas" desses soldados, entrincheirados por várias semanas na siderúrgica Azovstal, atacada pelo exército russo. .
"Pedimos que ele viesse à Ucrânia, para falar com (o presidente russo Vladimir) Putin, para lhe dizer 'Deixe-os ir'", disse a jornalistas Kateryna Prokopenko, esposa de um dos chefes da divisão Azov, Dennis Prokopenko.
A entrevista, que durou "cerca de cinco minutos", segundo eles, aconteceu no final da audiência geral do soberano pontífice, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
“Esperamos que esta reunião salve suas vidas. Estamos prontos para uma ação do papa, de sua delegação, nossos soldados estão prontos para depor as armas em caso de evacuação para um terceiro país”, acrescentou.
Também esteve presente o opositor russo Piotr Verzilov, cofundador do grupo de protesto russo Pussy Riot e criador do site Mediazona, especializado em monitorar processos judiciais relacionados à oposição.
“Dissemos ao papa que 700 de nossos soldados estão feridos, que sofrem de gangrena, amputações (...) Muitos deles morreram, não pudemos enterrá-los”, disse por sua vez Yulia Fedosiuk, 29.
“Pedimos ao Papa que os ajudasse, que agisse como terceiro nesta guerra e lhes permitisse fugir por um corredor humanitário. Ele nos disse que estava rezando por nós e que faria tudo o que pudesse”, acrescentou, destacando as “terríveis condições” no local, “sem água, sem comida, sem equipamento médico”.
Eles disseram temer que os soldados fossem capturados, torturados e mortos pelas forças russas.
Por várias semanas, Mariupol esteve quase inteiramente sob o controle das forças russas. Apenas as imensas siderúrgicas Azovstal escaparam deles, que o exército russo golpeou implacavelmente.
De acordo com Kiev, "mais de mil" soldados ucranianos, incluindo "centenas de feridos" ainda estão nas galerias subterrâneas deste vasto complexo metalúrgico, após a evacuação de todos os civis na semana passada com a ajuda da 'ONU'.
As autoridades ucranianas indicaram que estão "trabalhando" na possibilidade de evacuar soldados feridos, pessoal médico e capelães militares da siderurgia, enquanto esperam a ajuda de organizações internacionais e da Turquia.
Criado em 2014 por nacionalistas ucranianos, o controverso regimento Azov está no centro de uma guerra de propaganda entre Kiev e a Rússia, um dos objetivos declarados da guerra é a "desnazificação" da Ucrânia.
A equipe editorial (com AFP)