Na Colômbia, ameríndios cristãos são perseguidos por suas comunidades

Na Colômbia, ameríndios cristãos são perseguidos por suas comunidades

Na Colômbia, onde pouco mais de 3% da população é ameríndia e goza de direitos que garantem a proteção de sua identidade, os convertidos ao cristianismo desses grupos são perseguidos e discriminados por outros membros de suas tribos.

Mais de 80 grupos étnicos nativos americanos existem na "Pérola do Caribe" e a Constituição protege sua herança. Desde 1991, o governo definiu "territórios indígenas" onde se aplicam suas próprias leis, tradições e visão animista do mundo, destaca a ONG Portes Ouvertes. Portanto, é proibido evangelizar lá. No entanto, cerca de 30% dos habitantes dessas regiões são cristãos e não estão protegidos pela lei aplicável ao resto do país. Mais de 40% deste terço dos convertidos são perseguidos por suas comunidades étnicas.

Portes Ouvertes cita o depoimento de Rodrigo (pseudônimo):

"Não! Você não pode ser pastor porque é nativo americano. Ninguém aqui tem permissão para introduzir outras crenças. Se você continuar espalhando o evangelho, nós o mataremos."

Rodrigo e seus correligionários não podem, portanto, reivindicar duas identidades, cristã e ameríndia, e ele sabe que essas ameaças não são palavras vazias. De fato, as tribos já mataram vários de seus membros que se converteram ao cristianismo.

Dificuldades em educar crianças cristãs

Junto com ameaças de morte ou assassinatos, os cristãos devem de fato desistir de matricular seus filhos em escolas ameríndias onde são ensinados rituais tradicionais e animistas. Em 2013, Portes Ouvertes ajudou a construir uma escola cristã para crianças da etnia Arhuaco depois que suas famílias foram expulsas de suas aldeias. A escola é financiada pelo cultivo de café orgânico. Um dos cristãos da comunidade disse:

"Você nos encorajou a educar essas crianças de acordo com os valores bíblicos. Mais tarde, elas exercerão uma influência positiva na sociedade."

Mas muitas vezes as escolas cristãs estão longe e os pais não podem, portanto, enviar seus filhos para a escola em qualquer lugar. Além disso, há pressões para que os pais cristãos não retirem seus filhos das escolas indígenas, porque renda dos governos tribais depende do número de alunos.

Escolas criadas por cristãos são frequentemente atacadas, até mesmo queimadas. Ana Silvia, uma professora, foi agredida e torturada em várias ocasiões e até viu guerrilheiros que lutam contra o governo colombiano invadirem sua sala de aula para sequestrar as crianças e transformá-las em soldados. As FARC conseguiram fazê-lo com a autorização das lideranças ameríndias.

Algumas crianças e adolescentes são recolhidos em um centro criado por Portes Ouvertes, mas fogem, deixando suas famílias para trás. Isso é o caso de Valentina, de 15 anos, que se recusou a fazer aulas de animismo contrário à sua fé:

"Eu sentia que não tinha liberdade e sempre quis sair, sair!"

Quando seu pai e outros aldeões exigiram uma isenção, os guerrilheiros locais lançaram ameaças horríveis contra eles.

Não apenas escolas, mas também igrejas e residências são atacadas. No entanto, a autonomia jurídica dos territórios indígenas também se aplica em matéria judicial e não apenas em matéria administrativa. Isso significa que os crimes contra os cristãos provavelmente ficarão impunes.

A lei, que parecia uma boa ideia para a preservação de uma identidade, leva à negação das liberdades individuais e à rejeição dos direitos humanos. No entanto, aponta Portes Ouvertes, muitos colombianos, mas também muitos etnólogos ocidentais, não estão preocupados com isso, porque querem acima de tudo proteger as tradições culturais dos ameríndios e estão convencidos de que os cristãos as estão destruindo.

Jean Sarpedon

Crédito da imagem: Shutterstock/MDV Edwards

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