
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta quarta-feira com personalidades evangélicas, numa operação para seduzir uma parcela do eleitorado que se inclina principalmente para seu adversário no segundo turno da eleição presidencial, Jair Bolsonaro.
Durante esta reunião em São Paulo, Lula apresentou uma carta na qual se comprometeu a "defender a liberdade de culto", ao mesmo tempo em que assegurava que era "contra o aborto", 11 dias antes da votação contra o presidente em exercício de direita.
"Meu governo não será de forma alguma um obstáculo ao livre funcionamento dos templos", escreveu o ex-mecânico nesta carta, uma forma de desmentir rumores lançados por bolsonaristas de que ele fecharia os locais de culto se fosse eleito.
"Nosso programa de governo está comprometido em respeitar a vida em todas as suas fases... eu pessoalmente sou contra o aborto", diz a carta.
Em abril, Lula foi duramente criticado quando disse que o aborto deveria ser "transformado em questão de saúde pública" e teve que recuar depois.
De acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada nesta sexta-feira, Jair Bolsonaro é creditado com 65% das intenções de voto entre os evangélicos, que representam cerca de um terço da população, contra apenas 31% de Lula.
O ex-presidente de esquerda (2003-2010) permaneceu no topo das votações entre os católicos (57%-37%) e por todos os entrevistados (53%-47%).
Em seu discurso de quarta-feira, Lula também criticou os sermões eleitorais nos templos: "se um pastor quer fazer política, que vá às ruas".
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil publicou na semana passada um comunicado de imprensa rejeitando "a exploração da fé (...) para obter votos".
O presidente Bolsonaro foi recentemente acusado por seus detratores de recuperação política quando foi a duas grandes festas católicas, o Círio de Nazaré, em 9 de outubro, em Belém (norte), e a festa da padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida, no estado de São Paulo (sudeste), no dia 12.
O Conselho Editorial (com AFP)