
No Quênia, a autópsia de 10 vítimas do "massacre de Shakaola" começou na segunda-feira e revela suas primeiras conclusões.
Na floresta de Shakaola, onde foram exumados os corpos de 109 vítimas, as primeiras autópsias realizadas na segunda-feira na morgue do hospital distrital da cidade costeira de Malindi começam a revelar as primeiras conclusões. Esta “fase crucial” deverá durar uma semana, segundo o ministro do Interior, Kithure Kindiki.
Segundo o chefe das operações forenses, a autópsia efectuada a 10 corpos revela mortes provocadas pela fome mas também por asfixia. “Relatórios preliminares que estamos obtendo indicam que algumas vítimas podem não ter morrido de fome”, anunciou Kindiki na sexta-feira, acrescentando que alguns corpos apresentavam ferimentos.
Durante este primeiro dia, os médicos autopsiaram nove corpos de crianças com idades entre um e 10 anos e um de mulher, disse à imprensa o chefe dos serviços nacionais de medicina legal, Dr. Johansen Oduor.
"A maioria deles tinha características de fome. Vimos características de pessoas que não comiam, não havia comida no estômago, a camada de gordura era muito fina", disse detalhou.
Duas crianças, no entanto, apresentaram sinais de morte por asfixia. "Pelo que ouvimos, há indícios de que elas (as crianças) foram sufocadas. Esta pode ser uma das causas da asfixia. Foi (o caso) em duas crianças", afirmou.
Antes do início da autópsia, a preocupação pairava sobre possíveis colheita de órgãos, mas de acordo com o Dr. Johansen Oduor, "nenhum órgão estava faltando".
“Todos os corpos estão decompostos e isso complica-nos o cálculo da data da morte”, continua, antes de precisar que os resultados completos da identificação por amostra de ADN não puderam ser conhecidos antes de “meses”.
Pelo menos 109 pessoas, a maioria crianças, morreram na floresta de Shakahola, onde se reuniam os seguidores de uma seita chamada Igreja Internacional da Boa Nova, segundo um relatório ainda provisório.
A busca por corpos e valas comuns nesta floresta foi suspensa na segunda-feira devido às fortes chuvas. Dois pastores estariam ligados a esta tragédia, hoje conhecida como o “massacre de Shakaola”. Paul Mackenzie Nthenge, que defendia o jejum até a morte "para encontrar Jesus", assim como um dos pastores mais famosos do país, Ezekiel Odero.
"Existem informações credíveis que ligam os corpos exumados (...) a Shakahola" com "vários seguidores inocentes e vulneráveis (da igreja de Odero) que morreram", afirmam os procuradores num documento judicial consultado na sexta-feira pela AFP.
Os dois pastores, atualmente detidos, devem comparecer a tribunais em duas cidades diferentes na terça-feira. A família de Ruth Kadzo, que foi a fundadora original da igreja Paul Mackenzie Nthenge, diz ter alertado a polícia várias vezes, sem sucesso, de acordo com comentários feitos por Cidadão Digital.
Eles dizem que foram expulsos da igreja quando o controverso pregador Paul Mackenzie assumiu a igreja e transformou os ensinamentos em práticas sectárias. A filha de Ruth, assim como 5 de seus filhos e netos estão desaparecidos e podem estar na lista de vítimas.
MC (com AFP)