
O governo nigeriano disse na quinta-feira que suspeita que o grupo jihadista Iswap, afiliado ao Estado Islâmico, esteja por trás do ataque de domingo a uma igreja no sudoeste da Nigéria que deixou 40 pessoas mortas, incluindo crianças.
esta ataque ocorreu durante o culto matinal na Igreja Católica de São Francisco, na cidade de Owo, localizada a mais de 1.000 quilômetros das regiões onde os jihadistas de Iswap e Boko Haram costumam se enfurecer na Nigéria.
“Conseguimos localizar os autores deste trágico e hediondo ataque”, disse o ministro do Interior nigeriano, Rauf Aregbesola, a repórteres.
“De acordo com as informações que temos, pode ser o Iswap. Os animais do Iswap, que desejam atenção e reconhecimento, são suspeitos de terem lançado este ataque”, acrescentou, sem dar mais detalhes.
Este ataque foi realizado no sudoeste da Nigéria, uma região geralmente poupada dos assassinatos de gangues criminosas e grupos jihadistas que operam em outras partes da Nigéria. Mas a violência desse assalto e o modus operandi usado lembram seus métodos.
De acordo com os primeiros elementos comunicados na noite de segunda-feira pela polícia, os assaltantes, alguns dos quais “disfarçados de fiéis” e armados com explosivos, atacaram os paroquianos, enquanto outros posicionados à volta da igreja dispararam contra o edifício de diferentes direções. Balas Kalashnikov e fragmentos de dispositivos explosivos improvisados (IEDs) foram encontrados no local do massacre, juntamente com três IEDs não detonados.
As autoridades locais divulgaram um novo relatório na noite de quarta-feira, dizendo que 40 pessoas morreram e 61 feridos ainda estavam sendo tratados em vários hospitais da cidade.
Um relatório anterior divulgado terça-feira pelas autoridades relatou 22 mortos e 58 feridos. O novo relatório leva em consideração as vítimas transportadas para hospitais privados que não haviam sido contabilizadas anteriormente.
O governador não especificou o número de crianças mortas ou feridas, mas segundo as autoridades de saúde contactadas pela AFP, pelo menos duas crianças morreram e outras onze ficaram feridas. No entanto, esse número pode ser maior porque contabiliza apenas as vítimas internadas no hospital infantil da cidade.
Este massacre causou medo na Nigéria e indignação na comunidade internacional, e foi condenado pela ONU e pelo Papa Francisco.
O presidente nigeriano Muhammadu Buhari, que denunciou "o hediondo assassinato de fiéis", termina seu segundo mandato em fevereiro de 2023 sob críticas, enquanto o país mais populoso da África é atormentado por uma insegurança generalizada.
O nordeste da Nigéria é palco de uma insurgência jihadista liderada pelo Boko Haram e Iswap, que deixou mais de 40.000 mortos e 2 milhões de deslocados.
Por vários meses, o Iswap lançou ataques mortais fora da área onde geralmente se enfurece, afetando as regiões vizinhas de Taraba ou Yobe.
O noroeste da Nigéria é devastado por gangues criminosas que atacam, saqueiam, sequestram e matam.
Especialistas e observadores alertam para a crescente aproximação entre bandidos, motivados pelo dinheiro sem um arcabouço ideológico, e jihadistas.
O Conselho Editorial (com AFP)